Há aproximadamente 10 anos, Adriano Vitor Hernandes Marques, 34 anos, vem sofrendo por conta de um ferimento que sofreu no pé esquerdo causado por um prego enferrujado. Cansado de sentir dor, o homem, que é morador de Três Lagoas, chegou a amputador os próprios dedos e agora precisa de cirurgia para remoção total do membro.
Ao Campo Grande News, Adriano contou que o ferimento foi causado quando ele trabalhava com paletes no quintal de casa. Na ocasião, um prego enferrujado entrou no polegar do pé esquerdo. Desde então, a ferida foi apenas piorando por conta da dificuldade de atendimento médico e pedaços de ferrugem que ficaram dentro do local.
“Eu pisei num prego. Fui no posto de saúde, eles retiraram o prego, reforçaram a vacina antitetânica e passaram uns remédios para dor. Depois me mandaram para casa. Conforme o tempo foi passando, meu pé foi ficando preto e necrosando por dentro. Só que não dava para ver pelo lado de fora que estava ruim, ele apodreceu por dentro. Mas chegou uma hora que o corpo começou a expelir pus, osso, carne podre”, explicou Adriano.
Ele relata que quando tomou a medicação, o ferimento fechou. No entanto, os resquícios de ferrugem que ficaram dentro do local acabaram infeccionando. Como o homem continuou trabalhando e movimentando o pé normalmente, chegou um momento em que a ferida abriu novamente.
“Um dia eu estava andando, meu pé estava muito inchado e ai o buraco abriu novamente. Começou a sair pedaço de osso, sangue. Saiu um pedaço de osso na parte de cima. E começou a doer muito. Eu ia para o posto de saúde com febre, tomava soro, medicação, voltava para casa. Até que chegou um momento que eles passaram a me encaminhar para os hospitais, mas falavam que não tinha leito, não tinha médico especializado. Até que consegui uma vaga e amputaram meu dedão”, relatou o homem.
Após a amputação do dedo, Adriano voltou para casa. Porém, como não foi feita a raspagem do local do ferimento, a situação novamente se agravou. “Cicatrizou e eu continuei trabalhando, mas aí voltou a apodrecer tudo. Aí começou uma nova batalha, abriu outro buraco. Começou a sair mais carne, mais pedaço de osso, mais pus. Voltamos no médico e novamente não conseguimos vaga. Eu sei que o deslocamento a pé e de bicicleta para o hospital também ajudou a agravar a situação”, contou Adriano.
Adriano em uma das vezes que esteve em unidade de saúde (Foto: Direto das Ruas)
Segundo ele, por não ter carro e às vezes não ter dinheiro, ele recebia alta e voltava para casa a pé. Quando chegava na residência, a ferida estava com muito sangramento. “Eu sentia muita dor. Eu ia a pé para o hospital e voltava. Sei que houve um pouco de falta de zelo minha, mas eu não tinha dinheiro. Aí eu ia no hospital, não tinha vaga, não tinha médico. Eu larguei mão. Sentia muita dor. Me injuriei e cortei meus dedos”, afirmou.
“Eu não estava suportando mais as dores. Peguei a faca e o martelo e cortei os quatro dedos que sobravam. A dor neutralizou por um tempo, agora que já tem uns anos que cortei eles, começou a dar problema novamente. Estou tentando saber se consigo fazer a cirurgia, porque tenho um laudo dizendo que o pé não presta mais. Tem que amputar. Eu não suporto mais sentir dor 24 horas por dia e, se não conseguir essa cirurgia, eu falei para o médico que vou cortar o resto do pé”, alegou Adriano.
Ele ainda conta que desistiu de procurar atendimento médico e acaba mexendo no ferimento e fazendo limpeza em casa mesmo. Depois, costura e faz os curativos, mas o pé volta a dar problema depois de um tempo. “É eu colocar o pé no chão, os ossos começaram a esfarelar”, disse o homem que pede ajuda para conseguir a cirurgia de amputação.
À reportagem, SMS (Secretaria Municipal de Saúde) da cidade afirmou que não há nenhum pedido pendente em relação ao paciente. Além disso, a pasta cita em nota que solicitou uma nova visita da equipe da USF (Unidade de Saúde da Família) da Vila Piloto ao homem. “A última visita da equipe foi realizada no dia 15 de agosto”, finaliza a nota.
Pé do homem logo após dedo ser amputado por conta do ferimento (Foto: Direto das Ruas)
Por Ana Paula Chuva