Quinta-Feira, 09 de Maio de 2024

DATA: 05/09/2022 | FONTE: campograndenews Sustentável, eucalipto mudou economia de MS, maior produtor de celulose do país Atualmente, MS é o estado com maior área destinada aos sistemas integrados na agropecuária
Profissionais trabalham no plantio de eucalipto em area de Mato Grosso do Sul. (Foto: Sistema Famasul/Divulgação)

Mato Grosso do Sul encerrou 2021 com faturamento de US$ 1,508 bilhão com a exportação de produtos florestais, segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), figurando como o maior produtor de celulose do Brasil. No primeiro semestre de 2022, o Estado já alcançou US$ 764 milhões de receita com a comercialização de celulose, papel e madeira para o mercado externo, número 1,93% maior que os US$ 749,5 milhões exportados nos primeiros seis meses do ano passado. Assim, os produtos florestais são responsáveis por 19,40% de tudo o que é exportado por MS, terceira maior atividade do agronegócio estadual atualmente. Esses resultados, no entanto, são realidade recente e fruto da construção de bases fomentadas pelos setores público e privado. 

De acordo com o engenheiro agrônomo Clovis Tolentino, doutor em Agronomia pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e consultor técnico do Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), em 2018 a celulose chegou a figurar como o produto de maior participação nas exportações do Estado. “Ao longo dos últimos anos o complexo soja vem mantendo a dianteira e a celulose e a pecuária (carnes) vem se alternando em segundo e terceiro”, completa.

Engenheiro agrônomo Clovis Tolentino, consultor técnico do Sistema Famasul. (Foto: João Carlos Castro/ Sistema Famasul) 

O potencial estadual para o setor de florestas, a necessidade de diversificação da base econômica e produtiva do Estado, e a meta de fazer de Mato Grosso do Sul um estado carbono neutro, fez com que em 2009 fosse lançada a primeira versão de um estudo sobre o setor de silvicultura, que engloba produtores florestais, celulose e papel, madeireiras, serrarias, móveis e componentes. 

Chamado de Plano Estadual de Desenvolvimento Sustentável de Florestas Plantadas, o levantamento se tornou uma importante ferramenta estratégica para o desenvolvimento da base florestal do Estado e estabeleceu objetivos específicos em prol da cadeia produtiva do segmento. dando detalhes técnicos sobre solo, clima e relevo, assim como condições estruturais e socioeconômicas dos municípios de Mato Grosso do Sul para receber investimento nessa área.

Produção - Ainda segundo Tolentino, o levantamento lançou as bases para que em, ainda em 2009, fosse instalada a 1ª fábrica de celulose no Estado. Em 2012, uma segunda fábrica se instalou aqui, passando por uma expansão em 2017. “Em 2021 houve o anúncio de uma terceira fábrica em Ribas do Rio Pardo e, em 2022, o anúncio de uma quarta fábrica em Inocência. Com isso, o cultivo de florestas plantadas, principalmente eucalipto, foi aumentando gradativamente, chegando a 1 milhão de hectares em 2018. Atualmente temos pouco mais de 1,1 milhão de hectares cultivados”, detalha. 

A costa leste de MS é a região que concentra a maior área produtiva e Três Lagoas é o município que tem a maior área plantada, respondendo por 23,4% do total. A cidade é seguida de Ribas do Rio Pardo e Água Clara, com 19% e 11,7%, respectivamente, segundo a Famasul.

No caso das áreas de florestas plantadas com eucalipto, essas cresceram a taxas anuais de 14% na última década. Essa expansão foi motivada pelo aumento da demanda por madeira industrial dos segmentos de celulose e papel. Assim, em 2020 foi firmado um convênio entre entidades e o setor público para a atualização do Plano Estadual de Desenvolvimento Sustentável de Florestas Plantadas. A versão atualizada, então, foi publicada em maio de 2022.

Capacitações - Para auxiliar nesse crescimento, ao longo de seus 45 anos de existência o Sistema Famasul atua na disseminação de conhecimento e qualificações, como cursos oferecidos por meio do Senar/MS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). “Muitos dos cursos foram criados por demanda de trabalhadores e produtores florestais, e outros por demanda do setor agrícola das empresas florestais”, pontua Clovis. 

A entidade ainda fomenta o Programa Mais Floresta, divulgando a produtores rurais as oportunidades do setor por meio de cultivo de eucalipto, seringueira, madeiras nobres e sistemas integrados, que concilia agricultura e pecuária com a atividade florestal.

“Mais recentemente foi criada a Assistência Técnica e Gerencial. São cerca de 100 produtores de seringueira de 10 municípios que recebem consultoria gratuita dos técnicos do Senar, assim como pecuaristas que recebem orientação para a implantação de sistema silvipastoril, que é quando, em uma mesma área, ocorre a produção pecuária e florestal”, explica Tolentino. 

Alunos da primeira turma do Curso Técnico em Florestas, oferecido pelo Senar/MS. (Foto: Sistema Famasul/ Divulgação) 

A expansão do setor é tão grande que a entidade criou neste ano o Curso Técnico em Florestas, por meio do Senar/MS. Com duração de 2 anos e carga horária de 1.300 horas, a capacitação é a primeira do tipo promovida no Brasil e foi criada para atender a inicialmente a demanda do município de Três Lagoas, que abriga grandes complexos agroindustriais de celulose. Somente as três maiores indústrias da cidade somam cerca de 4,5 mil funcionários. 

Iniciado em abril deste ano, no Sindicato Rural de Três Lagoas, o curso teve 239 candidatos interessados nas 40 vagas ofertadas. “Ao concluir a capacitação, o profissional está apto a participar do planejamento, execução e controle dos processos e das atividades florestais, considerando a legislação técnica, de segurança do trabalho, meio ambiente e responsabilidade social”,

Meio ambiente - Em Mato Grosso do Sul, as florestas plantadas são cultivadas em áreas que eram de pastagem. De 2010 a 2021, essas áreas perderam mais de 3,6 milhões de hectares que foram convertidas em áreas para produção de grãos, florestas plantadas e cana de açúcar, de acordo com dados do projeto Siga/MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio) executado pela Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de MS) em parceria com a Famasul e a Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar). 

“Neste período, mais de 813 mil hectares de cultivos florestais foram implantados, principalmente no eixo Campo Grande a Três Lagoas, região esta que historicamente era ocupada por pecuária extensiva, com menor tecnologia produtiva. Com isso, trocamos pastagens menos produtivas por florestas de eucalipto com certificação, sem a necessidade de abrir novas áreas de vegetação nativa”, afirma Tolentino.

Para o superintendente de Ciência e Tecnologia, Produção e Agricultura Familiar da Semagro, Rogério Beretta, o setor pode crescer ainda mais no Estado, de olho nessas áreas. “MS tem 18 milhões de hectares de pastagem. Se considerarmos que elas podem ser convertidas em áreas produtivas de soja, cana ou eucalipto, temos um grande potencial a ser explorado ainda. É claro que a vinda de mais empresas do setor depende mais de questões de mercado do que da quantidade de área disponível, mas Mato Grosso do Sul tem como abrigar mais empresas do segmento tranquilamente”, avalia.

Tolentino também vê o setor com otimismo, e acredita que, ao longo dos próximos 10 anos, a área de cultivo de eucalipto possa chegar próximo a 2 milhões de hectares em MS em função da instalação de novas fábricas de papel e celulose.

Também engenheiro agrônomo e ex-superintendente do Senar/MS, Beretta destaca que “o grande ponto positivo das florestas é a sustentabilidade”. “As florestas trazem riquezas, ganhos econômicos; trazem também conservação ambiental com a preservação de apps (áreas de preservação permanente) e reservas legais; e ainda dão aos produtores rurais condições de preservarem mais tendo na atividade uma fonte de recursos. Além disso, as florestas são um dos itens eleitos como produto de baixo carbono, por isso é uma grande aliada na redução de gases de efeito estufa, uma das grandes estratégias para atingirmos a meta de sermos um estado carbono neutro”, destaca. 

Superintendente Rogério Beretta durante fala em evento promovido na Casa Rural. (Foto: Sistema Famasul) 

O setor florestal ainda é uma alternativa para a geração de energia a partir de resíduos também. “Nós temos uma instituição que é o Senai Biomassa, em Três Lagoas, que orienta a indústria do setor a gerarem energia a partir de resíduos. Temos no Estado empresas que possuem autonomia na geração de energia graças a essa estratégia, o que ainda contribui com o meio ambiente”, finaliza Beretta. 

Gases de efeito estufa - A elevação da temperatura atmosférica média da Terra ao longo dos anos, resultado direto do aumento do efeito estufa, levou o Brasil a estabelecer um compromisso internacional em 2009 para a diminuição da emissão e manejo dos GEE (Gases de Efeito Estufa), sendo o principal deles o CO2, o gás carbônico.

Assim, no âmbito nacional foi criado o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), um programa com foco na sustentabilidade da agricultura brasileira que estimula a redução de emissões e, também, o aumento da fixação de CO2 na vegetação e no solo pelo segmento. Para isso, algumas das estratégias são justamente a recuperação de pastagens degradadas, o plantio de florestas e o estímulo ao sistema ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta).

Atualmente, MS é o estado com maior área destinada aos sistemas integrados na produção agropecuária. De acordo com a Associação Rede ILPF, o estado acumula mais de 3,1 milhões de hectares com sistemas integrados de produção, fazendo com que Mato Grosso do Sul esteja na dianteira do setor no país. 

Aluno do Senar/MS com mudas de eucalipto. (Foto: Sistema Famasul) 

 

 

 

Por Liana Feitosa 





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