Cadeados da cela e da porta do pavilhão ocupados por José Cláudio Arantes, o “Tio Arantes”, de 66 anos, no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande, desapareceram. Além disso, “coincidentemente”, o sistema de câmeras da ala que abrigava o preso deixou de funcionar horas antes de ser constatado o “sumiço” do homem que já foi considerado dos mais influentes líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul.
As informações constam em despacho do juiz Fernando Chemin Cury, da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, que determinou nesta quarta-feira (24), apuração rigorosa da fuga de “Tio Arantes” da unidade penal. O magistrado quer o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) e a 50ª Promotoria de Justiça do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) na investigação.
Cury também determinou que a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) abra, em 24 horas, procedimento administrativo disciplinar contra todos os agentes que estavam no plantão “no dia dos fatos, inclusive com afastamento cautelar, se necessário”. O órgão tem 1 dia para informar em juízo quais as medidas tomou para apurar o ocorrido.
Para o juiz, está claro que “Tio Arantes” teve ajuda para fugir. “Informações preliminares demonstram que há uma série de irregularidades que precisam ser esclarecidas”. Conforme relatado no despacho, José Cláudio estava em uma “cela com porta inteiriça, sem acesso à parte externa, o que significa dizer que, mesmo sem o cadeado, teve auxílio de terceiros para abrir a respectiva porta”.
O magistrado quer saber se houve a participação de policiais penais.
“Sem fazer qualquer juízo de valor, fato é que as evidências demonstram que o preso teve auxílio de terceiros para se evadir, seja de agentes do Estado ou dos próprios presos. Essa situação necessita ser apurada e os responsáveis exemplarmente punidos, como forma de dar resposta a esse episódio inaceitável para a sociedade brasileira”.
A Agepen já havia informado, que comunicou a fuga, constatada nessa terça-feira (23), ao juiz de Execução Penal e que o serviço de inteligência da agência estava trabalhando no caso.