Sábado, 27 de Abril de 2024

DATA: 17/04/2018 | FONTE: G1 MS Paciente cega faz crochê em hospital da Capital para ajudar no sustento dos netos e dos pais
Paciente cega faz crochê em hospital de Campo Grande para ajudar no sustento da família Foto: Reprodução/TV Morena) / Ilustração gráfica Caribel News

Numa enfermaria no final do corredor do Hospital Universitário de Campo Grande, há quase 400 dias vive uma lição de vida. Logo acima da cama da dona Aparecida tem um cartaz que diz "Por favor, quando se aproximar diga seu nome, atenciosamente, Cida", porque ela não enxerga, mas sente a presença e gosta de saber quem está perto.

No quarto ouve-se apenas o barulho do respirador porque as palavras dela não tem som. "Toda a equipe aprendeu a ler os lábios... e a sentir um pouquinho da emoção no coração dela", diz o enfermeiro José Wellington, enquanto segura a mão da paciente e traduz suas palavras para a equipe de reportagem.

Há 16 anos Aparecida sofre de uma doença degenerativa que atinge as mitocôndrias e não tem cura. Ela tem 59 anos e desde o ano passado perdeu a visão e a capacidade de falar, engolir e respirar sozinha.

Uma equipe de 10 profissionais entre médicos, enfermeiros e fisioterapeutas se revezam pra cuidar da Cida e receber em troca o carinho sincero de quem agradece porque realmente não pode cuidar de si.

"Ela agradece todos os procedimentos que a gente faz com ela, coisas que são nossa obrigação ela faz questão de agradecer, de dar um abraço, de pegar na mão... Sempre grata," conta a fisioterapeuta Cátia Queiroz.

A presença da paciente mudou a rotina no corredor do hospital. A enfermeira Heloísa da Silva Brito dá uma passadinha no quarto nem que seja para dizer um oi, para dar um abraço:

"Pra mim que venho de fora, a Cida é uma certeza de carinho ao longo do dia. Ela ensina a todo momento que não temos do que reclamar, sempre sorrindo, sempre alegre, ela me ensina muito".

O enfermeiro José Wellington relembra um momento difícil em que a Cida, generosa, lhe ensinou sobre um amor que não tem preço:

"Há sete meses atrás eu perdi a minha mãe, ela ficou sabendo e quando eu retornei ela falou que eu não era pra ficar triste, que ela seria minha mãe" relembra emocionado.

Com todas essas dificuldades, Aparecida ainda exerce o ofício de uma vida inteira: mesmo sem enxergar ela faz tapetes de crochê para vender e ajudar a família. Com a venda dos tapetes ela sustenta uma filha, 4 netos e ainda ajuda na renda dos pais. Um dos netos está cumprindo pena e a Cida faz questão de falar sobre honestidade com exemplo, traduzido pela fisioterapeuta.

Em mais de um ano, ninguém viu a Cida triste um dia sequer. Vaidosa, ao lado da cama ficam os produtos que ela não vê mas gosta de sentir o cheiro - hidratante, talco, perfume. O batom e escova de cabelo estão sempre perto para que ela possa se preparar como gosta para receber as visitas.

 

Agora que conseguiu um respirador, em uma semana ela vai voltar pra casa humilde da família que enfrenta dificuldades para juntar fraldas e material de higiene pessoal, mas essa perspectiva não a abala. Sempre otimista, ela não vê as coisas pelo lado difícil, só diz que vai sentir falta dos amigos do hospital.

Equipe médica aprendeu a ler lábios para se comunicar com a paciente (Foto: Reprodução/TV Morena)

Equipe médica aprendeu a ler lábios para se comunicar com a paciente (Foto: Reprodução/TV Morena)

Para quem entra nesse quarto a história de uma mulher que mesmo sem poder enxergar, falar ou mesmo respirar ela continua trabalhando e sendo responsável pela renda familiar é um exemplo diante de outras histórias que vemos todos os dias.

 

Quem entra na enfermaria no final do corredor deste hospital, não sai sem refletir e se emocionar pela grandeza do gesto de querer continuar trabalhando mesmo com limitações tão sérias impostas pela doença que não tem cura. Com a simplicidade da alegria de estar viva, Aparecida ensinou sobre gratidão e esperança a toda a equipe deste hospital - e também a nossa.






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