Domingo, 05 de Maio de 2024

DATA: 08/04/2024 | FONTE: campograndenews Sandra deixou o Japão para cuidar do sítio que pai amou até o fim Descendente de japoneses, ela jamais imaginou que herdar o legado do pai estava em seu destino
Sonia ao lado de gado que cria em propriedade rural da família, localizada em Ivinhema, no interior de Matyo Grosso do Sul (Foto: José Pereira/Famasul)

Antes de partir vítima de complicações da dengue, o desejo de Michio Teramachi era que a filha, Sonia Teramachi, 59, voltasse para o Brasil para assumir a propriedade da família. Terceira de cinco filhos, ela tomou a frente dos negócios com coragem e determinação para cuidar das terras que o pai tanto amou em vida.

Nascida em um lar cheio de carinho, como a própria Sonia descreve, para assumir a grande responsabilidade da missão de tocar o negócio da família ela contou com todo o apoio do pai e dos irmãos. Ela conta que o pai adoeceu em 2015, ano em que voltou do Japão para cuidar dele. Sonia permaneceu ao lado de Michio até sua morte, em 2019, ano em que assumiu as terras como um último desejo do pai, que não queria que o sítio ficasse abandonado.

“As minhas irmãs, meu irmão, sempre me apoiaram e me apoiam até hoje. Fizemos de tudo para ele se recuperar, mas ele não se recuperou. O que ele mais queria era que continuasse à frente do sítio, não deixasse acabar. Ele amava esse sítio. Após ele falecer, eu fiquei desanimada, não sabia por onde começar. Fiquei pensando como eu iria começar a organizar, porque realmente estava tudo bagunçado”, relata. 

Propriedade dos pais de Sonia, que ela assumiu em 2019, após o pai falecer (Foto: Arquivo Pessoal) 

Nascido no Japão, Michio veio para o Brasil com apenas 17 anos. Foi na cidade de Ivinhema, no interior de Mato Grosso do Sul, que ele começou a trabalhar no campo, com plantação de café. Posteriormente, ele começou a investir na pecuária. E foi assim até os 83 anos, quando faleceu.

“Ele já não tinha mais forças para vir trabalhar, e começou a desistir. Ao mesmo tempo ele não queria que esse sítio se acabasse, e ele sempre quis que eu ajudasse ele assim, pelo fato de acompanhar ele quando eu estava aqui no Brasil, aí ele pediu para meu voltar, assim eu voltei”, relata Sônia, sobre os últimos anos do pai, antes de vir a falecer.

Sonia diz que não imaginava que assumir a propriedade da família estava em seu destino. Ela conta que na década de 90 se mudou para o Japão para buscar melhores condições de trabalho, mas nunca deixando de voltar ao Brasil para visitar. “Cada vez que eu voltava, ficava seis meses, um ano, e assim eu acompanhava meu pai aqui no sítio, ajudava ele nisso, naquilo”, relembra.

Ela revela que enfrentou muitas barreiras em sua trajetória. Uma delas foi o falecimento da mãe, em 2023, mas ela encontrou motivos para continuar, e seguir aprimorando o sítio da família, exatamente como seu pai gostaria que ela fizesse. Outra dificuldade, foi em assumir uma posição ocupada,em sua grande maioria, por homens, barreira esta que foi atravessada com muita determinação.

“Tem horas que se sente fragilizada por ser mulher. Foi difícil, mas ao mesmo tempo, tive muito apoio. Eu digo que hoje me sinto orgulhosa de mim mesma, me sinto feliz e fico sempre pensando o que meu pai estaria pensando o que minha mãe estaria pensando”, revela. 

No início, ela confessa que tinha dúvidas se a vida no campo lhe daria algum futuro. Mesmo tendo assumido a prioridade ainda inexperiente, ela conta que buscou formas de aprimorar seus conhecimentos por meio do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). Agora, Sonia afirma que pretende continuar avançando e aprimorando a produção.

“Tenho várias metas que quero atingir. Eu não quero parar, eu quero continuar. Até o dia em que eu não puder mais trabalhar, mas eu quero continuar, porque agora eu consigo, eu vejo que a gente não pode desistir, a gente tem que sempre aceitar novos desafios. Enquanto eu tiver aqui, se eu puder fazer tudo isso, eu vou ser a pessoa mais feliz e realizada”, finaliza. 

Sonia ao lado de gado que cria em propriedade rural da família, localizada em Ivinhema, no interior de Matyo Grosso do Sul (Foto: José Pereira/Famasul) 


Por Idaicy Solano 





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