Os seis integrantes da quadrilha especializada no roubo de caminhonetes que foram mortos por agentes da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (Defurv) e da Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras) na noite desta sexta-feira (8) em Anastácio estavam sendo investigados havia cerca de 30 dias, conforme o delegado-geral de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Roberto Gurgel de Oliveira Filho.
De acordo com os detalhes sobre a operação repassados durante coletiva no fim da manhã desta sábado (9) na sede da Polícia Civil, em Campo Grande, os suspeitos foram abordados próximo à entrada de uma propriedade rural de Anastácio na qual pretendiam roubar uma caminhonete, que seria levada para a Bolívia, onde possivelmente seria trocada por cocaína, conforme Roberto Gurgel.
Cinco dos mortos são de Mato Grosso do Sul e um é de Goiás. O mandante do crime, segundo o delegado, também é do estado vizinho e continua solto. A polícia também segue à procura do receptador da caminhonete que seria roubada e a suspeita é de que esteja na Bolívia.
Um dos mortos era foragido do sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul desde o dia 19 de novembro. Mas os demais também tinham passagens por tráfico de drogas, roubos, furtos e até homicídios, segundo nota divulgada pela polícia na manhã deste sábado.
O suspeito que era de Goiás seria de alta periculosidade, conforme Roberto Gurgel. Em seu Estado de origem teria, inclusive, ameaçado de morte juízes e promotores de Justiça.
Com os suspeitos, que estavam em uma moto e um Uno, os policiais encontraram seis armas, fita e enforca-gatos que seria usados para amordaçar e imobilizar os moradores da fazenda que estaria prestes a ser invadida.
De acordo com a polícia, as vítimas seriam mantidas reféns até que o veículo chegasse à Bolívia, que fica a cerca de 350 quilômetros do local onde aconteceria o roubo.
Conforme Roberto Gurgel, o confronto somente ocorreu porque os suspeitos reagiram às tentativas de abordagem feitas pelas equipes policias. “Se eles tivessem se entregado, não teria ocorrido o confronto. Nós não desejamos e não provocamos enfrentamento. Mas nossos policiais estão muito bem preparados para reagir nestas situações”, afirmou o chefe da Polícia Civil do Estado.
Desde o começo do ano, pelo menos 123 pessoas morreram em confrontos com policiais em Mato Grosso do Sul. O número supera a soma dos dois anos anteriores, quando foram 100 mortes. Somente em novembro deste ano foram 19 mortes, tornando-se o mês de maior letalidade policial da história de Mato Grosso do Sul.
Segundo Roberto Gurgel, apesar de a quadrilha estar sendo monitorada fazia cerca de 30 dias, a legislação brasileira não permite que fossem detidos, já que “a lei não pune atos preparatórios”. Por isso, explica, era necessário que entrassem em ação para que ocorresse a intervenção policial. E, para o delegado, o fato de estarem a caminho do local onde fariam o roubo significa que entraram em ação.
Sob a alegação de que era necessário preservar as prováveis vítimas, o delegado não deu detalhes sobre a propriedade rural que seria invadida e sobre o número de pessoas que estavam no local. Informou apenas que a tentativa de prisão dos criminosos, que ainda não tiveram os nomes divulgados, ocorreu próximo à entrada desta fazenda.
Feridos, todos foram levados ao hospital de Anastácio, mas morreram antes mesmo de serem submetidos a algum procedimento cirúrgico.
A operação desta sexta-feira é uma das mais letais da história das forças policiais de Mato Grosso do Sul. Ela é comparável somente à ação Garras, em janeiro de 2021, quando sete suspeitos foram mortos no mesmo dia em Ponta Porã.