Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024

DATA: 30/01/2019 | FONTE: Alvorada Informa Tragédia Brumadinho: Helicóptero da PRF de MS sacrifica animais presos em lama Ato, autorizado, gerou revolta de ativistas em todo o Brasil
PRF usa helicópteros das bases de MS em ação de resgate em Brumadinho Foto: Divulgação PRF / Ilustração gráfica Caribel News

Os helicópteros da Polícia Rodoviária Federal de Mato Grosso do Sul que cortavam o céu de Brumadinho (MG) na tarde de segunda-feira (28) não estavam ocupados apenas em apoiar a retirada de corpos dos escombros e da lama, ou encontrar sobreviventes em meio à destruição. Ao menos uma das aeronaves tinha a missão de executar, com tiros, animais ilhados, presos na lama ou feridos. 

A informação, divulgada pelo jornal 'O Estado de S. Paulo', fez a internet brasileira se revoltar. A líder da milícia digital, a apresentadora Luisa Mell, ativista dos direitos dos animais, que chegou à cidade mineira com o objetivo de ajudar no resgate, foi o principal coro contra a eutanásia.

“A hora que eu escutei essa história ontem, eu falei ‘não é possível! Não é possível uma coisa dessas’. E é verdade! Olha que lixo, olha que barbaridade, olha que atrocidade. E o pior de tudo: eu quero saber se o CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) autorizou essa palhaçada. Porque a gente está cheio de veterinário aqui e tem outras maneiras dignas de sacrificar os animais. E essa não é uma delas”, desabafou a ativista. 

Em suas redes sociais, Luísa tratou do assunto em pelo menos três postagens. Um de seus vídeos teve mais de 1,3 milhão de visualizações até a publicação desta reportagem e foi republicado por dezenas de organizações não-governamentais de defesa dos animais.

Apresentadora Luisa Mell foi a Brumadinho e repercutiu denpuncia de jornal em suas redes sociais (Reprodução)

DENÚNCIA

De acordo com o relato do jornal, um dos helicóptero da PRF sul-mato-grossense que ajuda nos trabalhos fazia voos rasantes em uma área devastada do Córrego do Feijão, em região isolada e mais próxima da barragem de rejeitos. Um agente armado com fuzil mirava, de dentro do helicóptero, locais onde enxergava animais na lama. E disparava. 

Do meio da mata, "O Estado de S. Paulo" acompanhou a movimentação da aeronave. Foram mais de 20 disparos, até o que o helicóptero partiu. O sacrifício dos animais ocorreu numa área próxima do local onde mais de 20 brigadistas tentavam abrir um ônibus coberto pela lama, com vítimas dentro. Há muitos bois ilhados ao longo de todo o trecho da cidade que foi varrido pelo barro. Outros estão com parte do corpo presos na lama. 

"Vários animais foram alimentados e hidratados em Brumadinho com uso de helicóptero da PRF. Após protocolo seguido por médicos veterinários que trabalham no rompimento da barragem constatou-se que três, infelizmente, não tinham chance de sair com vida. Deixar o animal sofrendo o submete-lo a eutanásia, não foi uma opção da PRF, mas sim dos médicos veterinários", disse o porta-voz da PRF-MS Tercio Baggio, por meio de suas redes sociais.

SACRIFÍCIO

A decisão de executar os animais foi confirmada pelo chefe da Defesa Civil de Minas, coronel Evandro Geraldo Borges. "O que vamos fazer? Deixar o animal sofrendo? Estamos sim, com equipe em campo executando esse trabalho, mas essa decisão só é tomada nos casos em que não há outra opção." 

Outra parte da equipe, disse o coronel, está empenhada em socorrer animais "em condições de serem retirados" da lama. Mas em muitas situações, declarou, só resta o tiro de misericórdia. "Não tem jeito. Tem animal preso, outro com perna quebrada. Temos de fazer escolhas, de retirar as pessoas, ir atrás de sobreviventes. Tudo que está sendo feito foi pensado. É isso."

Próximo da equipe de brigadistas que tenta abrir o ônibus tomado pelo barro, um boi cansado, sobrevivente da tragédia, foi batizado de Resistente pelos agentes. Um helicóptero se aproxima da área onde Resistente está. Não veio executá-lo, mas carregar o primeiro corpo de uma vítima que os agentes conseguiram retirar do ônibus. 

 

Durante as oito horas em que o Estado acompanhou a operação, Resistente chegou na receber um pouco de feno e água. Nesta terça-feira (29), disseram os brigadistas, o boi deverá ser sedado, para que seja retirado dali com vida.

POSICIONAMENTO

Logo após a publicação da reportagem pelo 'Estado', a PRF divulgou nota oficial em que aponta apenas três casos de sacrifício de animais durante os trabalhos de resgate. Também são divulgados vídeos do trabalho de resgate e alimentação de alguns animais não-abatidos pela equipe.

"Além dos regates de vítimas presas à lama ou ilhadas, a PRF tem participado do resgate de animais também vítimas do rompimento da barragem. Vários destes animais, em destaque para os bovinos e caninos, encontram-se atolados no grande volume de lama que tomou conta da região. Na segunda-feira(28), equipe aérea da PRF fez sobrevoos na região à procura destes animais. Seguindo os protocolos estabelecidos para este tipo de situação, a equipe estava acompanhada de veterinários que faziam análise e triagem dos casos. Lamentavelmente, durante a triagem dos animais foram encontrados três casos específicos de bovinos atolados na lama, em estado de exaustão e com fraturas de membros. Após análise da equipe veterinária, considerando a impossibilidade de adoção de outras medidas, foi tomada a decisão pela eutanásia daqueles animais. O procedimento foi orientado e supervisionado pela equipe veterinária sob a coordenação do comando da operação de resgate", diz o texto.

 

Além da fala do coronel, a Defesa Civil mineira também emitiu nota explicando a decisão pela eutanásia. Veja abaixo: 

VETERINÁRIOS DE MG

O Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais disse que dois animais, um bovino e um equino sofreram eutanásia por arma de fogo. Segundo o presidente do CRMV-MG, Bruno Divino, o método é autorizado pelo “Guia Brasileiro de Boas Práticas para Eutanásia em Animais” e foi escolhido porque os animais estavam em sofrimento e não havia segurança para que os socorristas descessem do helicóptero para aplicar o anestésico. “O método para quem não conhece é assustador, mas é feito disparo onde o animal não vai sentir dor”, disse, ao 'Estado de Minas'.

Segundo o médico veterinário, os tiros só serão realizados quando o animal estiver em situação de extremo sofrimento e não houver como acessar o local.  Em outras situações, a orientação é resgatar o animal da lama ou fazer a eutanásia com anestésicos.

Os ativistas de defesa dos animais, no entanto, questionam a forma com que o sacrifício dos animais está sendo feito. “Essa não é a maneira correta de sacrificar um animal que já está com muito sofrimento. A única coisa que justifica é eles estarem querendo brincar de tiro ao alvo”, disse a apresentadora e defensora dos animais Luisa Mell. “Nós sabemos que será preciso fazer eutanásia em alguns animais, porém, é preciso dignidade para isso. O que está acontecendo é inaceitável.” 

Luisa diz que chegou na segunda a Brumadinho com o intuito de fazer um sobrevoo para identificar áreas onde estão os animais para que grupos e veterinários voluntários possam tentar resgatá-los. Porém, foi impedida. “Toda hora era uma desculpa diferente para não me deixarem subir no helicóptero. Agora descobrimos o motivo. Eles têm coisa para esconder”, afirmou.  

Luciana Trindade, do Grupo Eco Ação, também reclama da maneira com que a eutanásia dos animais está sendo feita. “Atirar desse jeito nem pode ser chamado de eutanásia. No domingo um helicóptero com uma veterinária sobrevoou baixo para que ela pudesse aplicar uma injeção e assim o animal deixar de sofrer. Agora, atirar até acertar é cruel”, disse.

Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, por mais que ONGs e institutos de defesa dos animais queiram ajudar a fazer o regate, não é possível acessar o local sem autorização prévia de autoridades.

 

“Precisamos entender que esse acidente é um crime e qualquer ação que não seja coordenada pode descaracterizar essa cena e, com isso, os responsáveis podem se eximir da culpa”, afirmou Bruno Divino.

O CRMV-MG trabalha com o governo do Estado de Minas Gerais para fazer um levantamento de animais de grande porte que estão na área atingida pela lama para poder coordenar ações de resgate.

 

CONFIRA OS VÍDEOS DIVULGADOS PELA PRF:

 

 

GALERIA DE IMAGENS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






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