Durante a manhã desta quarta-feira (14.ago), a comitiva do governo do Estado esteve a cerca de 40 km de Montevidéu, capital do Uruguai para acompanhar a operação de transbordo de minério de Corumbá. Governador Eduardo Riedel (PSDB) está no país vizinho para ampliar as relações comerciais e avançar na operação logística via hidrovia pelo Rio Paraguai.
De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, houve toda uma logística para viabilizar exportação de minério de ferro do Mato Grosso do Sul para a China.
Reprodução do percurso da hidrovia do Rio Paraguai de 3.442 km navegáveis passando por cinco países: Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai (Foto: Reprodução)
“Ele é transportado por um navio chamado Panamax, que carrega 80 mil toneladas, mas pela hidrovia carrega no máximo ali a 45 mil toneladas até o Porto de Nova Palmira, no Uruguai. Depois vem para essa área onde estamos para fazer o transbordamento e completar a carga para mais 40 mil toneladas”, explicou.
O Panamax é um dos grandes navios sem guindastes do mundo. Ele é considerado o mainstream no transporte econômico e eficiente de minério de ferro. A Vale, que opera em Corumbá, já utiliza a embarcação e faz o transporte para o país asiático via outros portos do Brasil.
A previsão é que com a nova saída pelos portos do Uruguai até 180 mil toneladas de ferro sejam transportadas pra viabilizar os custos de transporte.
“Toda essa estrutura que o governador e eu estamos visitando aqui é exatamente para que a gente possa viabilizar a estação de minério. Minério em Corumbá tem elevado muito e recebeu investimento já de R$ 3 bilhões. São 2.550 empregos na cidade. Aqui no Uruguai são mais 308 empregos da empresa para fazer toda essa operação de transbordo das barcaças”, acrescentou.
A empresa hoje já opera com 400 barcaças e está comprando mais 400 barcaças. A expectativa é que aumente a exploração para mais de 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, saindo de Porto Esperança, a 70 km de Corumbá.
“Nós temos um olhar da importância da hidrovia para a logística de minério e de grãos do estado de Mato grosso do Sul, chamado TramoSul a partir de Ladário. Mesmo com a questão da redução do baixo calado, a única alternativa de sair o minério do estado é essa. Não tem como colocar no caminhão essa operação”, destacou.
O calado, é a profundidade entre o ponto mais baixo do navio até a linha d’água. Em Mato Grosso do Sul, neste momento, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura) tem atuado de forma emergencial para a manutenção do calado, no Rio Paraguai, por conta da estiagem.
Trecho da hidrovia chamado Tramo Sul (Foto: Reprodução)
Uma operação com dragagem no rio tem buscado garantir o nível da hidrovia abaixo de 1,5 metro na régua de Ladário. Nessas situações, os navios só podem carregar apenas 70% da capacidade. Já quando estão abaixo de um metro, o transporte de minérios é suspenso.
Apesar do cenário crítico para os próximos meses, a articulação para garantir a logística tem se intensificado nas últimas semanas. O governador se reuniu na última semana com ministros paraguaios melhorar as condições de navegabilidade no trecho da hidrovia que passa pelo país vizinho.
Ainda estavam com a comitiva de Mato Grosso do Sul, acompanhando a operação de hoje, o diretor-presidente Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Eduardo Nery Machado Filho e o secretário nacional de hidrovias do Ministério de Portos e Aeroportos, Dino Antunes Dias Batista.
Durante a tarde de hoje, Riedel se encontra com o embaixador do Brasil no Uruguai, Marcos Leal Raposo Lopes, às 17h30 e com o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, às 19h. Esta é a primeira vez que as autoridades vão se reunir durante os mandatos.
Por Gabriela Couto