Antes de completar três meses de vida, o pequeno Joaquim vive o primeiro 19 de abril. No colo da mãe, a terena Mari Ruthe França, 30 anos, o bebê participou de um ensaio fotográfico cheio de simbolismo. De cocar na cabeça, mãe e filho buscam representar a resistência indígena.
“19 de abril não é só uma data, mas sim um símbolo de resistência há mais de 500 anos. Esta data serve para lembrar que ainda estamos aqui e queremos respeito”, destaca a mãe.
A família é moradora da comunidade indígena urbana Aldeinha, em Anastácio (MS), a 137 km de Campo Grande. No local, a cada dia, Joaquim aprende a ancestralidade e a tradição que corre no sangue dele. O bebê é trineto de um dos fundadores da comunidade, Gregório Delgado, conhecido como o indígena Neco, e de Josefina da Silva.
Joaquim representa o futuro da população indígena de Anastácio. — Foto: Reprodução/ArumiFigueiredo
Meses antes, ainda grávida, Mari subiu o Morro do Paxixi para outro ensaio fotográfico. Na ocasião, também usava cocar e carregava os potes que representam a fertilidade e o sorriso da mulher indígena.
Mari fez ensaio grávida no Morro do Paxixi. — Foto: Reprodução/ArumiFigueiredo
Agora, com o filho nos braços, ela repete os elementos cheios de significados em mais um registro para eternizar esta fase da vida.
“Levamos todos os acessórios, principalmente um cocarzinho para ele, que é o nosso principal elemento de comemoração”, descreve.
De cocar, família terena celebra 19 de abril como resistência passada de mãe para filho. — Foto: Reprodução/ArumiFigueiredo
A fotógrafa responsável pelas imagens que transbordam amor, parceria e resistência, Arumi Figueiredo, comenta a importância de fortalecer a tradição. “O pai passou isso para ela que passa para o filho. Isso é importante, cada geração continuar levando e fortalecendo as tradições e raízes”.
Joaquim no “baquité”, cestinho onde mulheres carregam os bebês. — Foto: Reprodução/ArumiFigueiredo
O propósito de Mari é entregar para Joaquim tudo o que aprendeu em três décadas e inspirar representatividade, orgulho e resiliência. “Representamos mais de 300 povos do Brasil que buscam, querem, apenas seus territórios e demarcação de suas terras por direito”, finaliza.
Mãe segurando filho junto ao corpo. — Foto: Reprodução/ArumiFigueiredo