Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024

DATA: 28/03/2022 | FONTE: Correio do Estado Mato Grosso do Sul pode ver produtividade do trigo crescer 40% nesta safra Pesquisa desenvolvida pela Embrapa Trigo e que modifica as sementes do grão pretende colocar a cultura como alternativa no Centro-Oeste
Foto: Reprodução internet

Uma variedade de trigo sequeiro desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Trigo, na Região Sul, pode resultar em melhor produtividade do cereal em Mato Grosso do Sul. 

Com 43,4 sacas por hectare colhidas em 2020, as modificações nas sementes podem elevar a produção a um patamar próximo de 60 sacas por hectare, afirma o chefe-geral da divisão, Jorge Lemainski.  

Isso, se atingido na colheita, corresponde a uma produtividade 40% maior. Se comparado com 2021, ano em que secas e geadas castigaram a produção agrícola no Estado, essa produtividade aumenta em 200%.  

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado colheu apenas 20,5 sacas por hectare naquele ano. Em 2019, MS cultivou 27,2 mil hectares de trigo, um número ínfimo se comparado com a safra de 1987, quando a área plantada chegou a 400 mil hectares, em 2004 eram 130 mil. De acordo com estimativas do Conab, serão 35 mil ha na próxima safra, aumento de 22,28%.  

Em razão desta grande área cultivada na década de 1980, a estrutura moageira do Estado ainda é bem adaptada à cultura. Conforme Lemainski, “cooperativas triticultoras do Sul do País estão voltando à região de Dourados, porque ali há espaço para o cultivo, assim como há plantações em São Gabriel do Oeste e em Maracaju”, revela o professor.  

Lemainski ainda afirma que a expectativa é de que o Brasil tenha aumento de 100 mil hectares cultivados de trigo no Cerrado, região que compreende os quatro estados do Centro-Oeste – Minas Gerais, Goiás e São Paulo –, elevando a participação do trigo de 232 mil hectares para quase 350 mil em 2023.  

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EFEITOS DA GUERRA  

Com o mercado mundial do cereal sofrendo com instabilidade na oferta por causa da invasão russa à Ucrânia, os dois países do leste europeu, responsáveis por 30% da produção mundial do cereal ou 220 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), fizeram esse volume praticamente sumir do mercado.  

A oferta ficou represada por causa das proibições de exportação impostas por ambos os países, visando suprimento interno. Com isso, foi imediata a preocupação de múltiplas nações com o desabastecimento do item. 

Em oito dias da invasão da Ucrânia, o preço do cereal subiu 35,7% nos Estados Unidos. Contudo, o Brasil pode se tornar um grande produtor nos próximos anos e até atingir a autossuficiência, dizem especialistas.  

O incentivo fará parte de um projeto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em parceria com a Embrapa Trigo e secretários de Agricultura dos sete estados participantes. O desafio é disseminar conhecimento, tecnologia e criar uma estrutura própria que fomente a produção no centro do País a partir do próximo mês.  

“Precisamos organizar a produção de sementes de alto padrão e uma estrutura de produtores de sementes, esse é o primeiro passo a ser dado ainda neste semestre”, explica Jorge Lemainski. A segunda etapa do plano será a transferência de tecnologia em regime de sequeiro e irrigável.  

“Vamos mostrar que a artesania da lavoura, respeitando a característica de cada região; colocar unidades demonstrativas com materiais genéticos, fatores promotores e protetores de controles de doença em áreas cultivadas de 5 hectares. Nesses dias de campo, será apresentada a capacidade produtiva e adaptativa da cultura”, projeta.  

Em entrevista ao Correio do Estado, no ano passado, a ministra Tereza Cristina, do Mapa, revelou a possibilidade de um plano de incentivo à plantação do trigo. E o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Ângelo Ximenes, relembrou que a produção agrícola é movida pelo interesse de mercado.  

“A sugestão da ministra é muito bem-vinda, mas o produtor leva em consideração o que dá mais produtividade”, comentou.  

Milton Dalbosco, coordenador técnico de trigo da Fundação Meridional, explica que ainda há resistência dos produtores em MS por causa da rentabilidade ofertada pelo milho safrinha. Jorge Lemainski concorda e afirma que, mesmo com essa vantagem da cultura mais disseminada no Estado, ainda há espaço para o plantio de trigo.  

Dalbosco relata a pontualidade da cultura do trigo, mas a fundação e a Embrapa trabalham em cultivares que se adaptem melhor ao clima do cerrado. “O trigo requer clima bem pontual, não é como a soja, que pode ser cultivada do Rio Grande do Sul até Manaus”, relata o pesquisador.  

Entretanto, mesmo com essa característica, Lemainski revela produtividades de até 80 sacas por hectare em plantação no Distrito Federal. “Com irrigação, o que aumenta o custo de produção, é possível colher, em condições ideais, entre 120 e 140 sacas”, comenta.  

IMPACTO COMERCIAL  

Atualmente, o Brasil produz 2,7 milhões de hectares de trigo e cerca de 7 milhões de toneladas. A ideia é atingir uma produção de cerca de 14 milhões de toneladas. 

A estimativa para a atual safra do grão neste ano é plantar mais de 3 milhões de hectares e bater a marca de 8 milhões de toneladas colhidas.  

O Brasil consome 15 milhões de toneladas de trigo, a outra metade disso é importada de países como Estados Unidos, Uruguai, Paraguai e Argentina, causando impacto de 10 bilhões na balança comercial. “Vamos passar a ser exportadores de trigo no futuro”, afirma Jorge Lemainski.  

Conforme o chefe-geral da Embrapa Trigo, com os incentivos do governo federal e a boa adesão da classe agrícola, é possível que o País produza 22 milhões de toneladas ao fim da década, colocando-o em superavit produtor.  

“Cada real de renda acresce R$ 1,07 à demanda não agrícola de serviços. Esse é o impacto da agenda do agro. Por isso o projeto é importante, para gerar renda, empregos e aquecer a economia de localidades centrais do Brasil e de MS”, declara.  

De acordo com a empresa pública, MS corresponde a 5,5% do consumo interno de trigo do Brasil, mas contribui com apenas 1,2% da produção nacional. 

 

 

 

 

 

Por Rodrigo Almeida





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