Em um novo capítulo da guerra pelo comando do tráfico de drogas na região de fronteira entre o Paraguai e o Brasil, três homens foram executados na noite deste sábado (9), na cidade paraguaia de Zanja Pytã, divisa com o distrito de Sanga Puitã, em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. Poucas horas depois do crime, dois suspeitos, fortemente armados, foram presos.
A fronteira do Brasil com o Paraguai, na região sul de Mato Grosso do Sul, sempre foi marcada por execuções, tiroteios, tráfico de drogas e armas. O local é uma das principais portas de entrada de entorpecentes e armas de grosso calibre no país.
A característica violenta da região ganhou ares de guerra nos últimos anos com a disputa pelo controle do local entre facções criminosas. Junho de 2016 marca a intensificação desta guerra com a morte de Jorge Rafaat, conhecido como "Rei da Fronteira". O G1 traçou um panorama desta disputa que, só em 2018, vitimou 30 pessoas.
Segundo a polícia paraguaia, a execução deste sábado ocorreu por volta das 21h (de MS). As três vítimas, o paraguaio César Ortiz Zorrilla, de 38 anos e os brasileiros Alessandro Núnez de Moura e Gabriel Zaracho Moura, estavam dentro de um carro parado em frente uma conveniência, próxima a linha internacional que separa o Paraguai do Brasil, quando vários homens desceram de uma caminhonete e começaram a fazer disparos contra eles.
Zorrilla, que seria o alvo principal dos atiradores, ainda teria sacado uma arma para tentar se defender, mas não conseguiu e acabou morrendo junto com os dois brasileiros. A polícia do país vizinho investiga se o paraguaio seria integrante do grupo do traficante brasileiro Jarvis Pavão.
Pavão é apontado pela Polícia Federal como um dos maiores fornecedores de cocaína do Brasil. Ele foi extraditado do Paraguai para o Brasil em 28 de dezembro de 2017. No país vizinho cumpria pena de oito anos de prisão desde 2009, por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. No Brasil ele está cumprindo 17 anos e 8 meses de prisão no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande, também por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Poucas horas depois da execução em Zanja Pytã a polícia paraguaia prendeu dois suspeitos de participação no crime: Nelson Mussi Espinola e Ismael Encizo. Segundo as autoridades do país vizinho, eles chegaram até os dois por meio do serviço de inteligência. Com a dupla foram apreendidas várias armas de grosso calibre como uma metralhadora 7,62 milímetros, uma espingarda calibre 12, coletes táticos, carregadores e vários cartuchos.